Segundo o dicionário da Porto Editora, “apodo” significa alcunha afrontosa, motejo e zombaria.
O apodo tem normalmente um carácter jocoso, ofensivo, depreciativo e crítico e atribuem-se a pessoas, localidades ou situações.
O Abade de Baçal referencia inúmeros apodos relativos a localidades do concelho de Mirandela, que podem ser consultados no tomo IX das suas «Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança», nas páginas 253 e 254, que não reproduzimos agora na íntegra para que ninguém se sinta ofendido ou ultrajado. Contudo, o que é indesmentível é que eles fazem parte da etnografia e dos usos e costumes do nosso povo e da nossa região e nem toda a gente leva a mal.
Exemplos:
- Lavradores nas Aguieiras
- Em Carvalhais pucareiros
- Em Vila Boa coelheiros
- Escrivãos de Suçães
- Gaiteiros do Regodeiro
- Os de Frechas são peixeiros
- Em Vale de Juncal doutores, etc.
Além desses, refere também apodos irritantes e epigramáticos, excluindo alguns de carácter cornígero, coprocológico e mundaneiro, por serem demasiado livres e principalmente porque são filhos da maledicência e não têm curso geral popular.
Segundo o Abade de Baçal, os de Chelas são apodados de barbas, e maltratam a quem lhes diz: dá cá as barbas. Corre que a origem veio de uma mulher do povo que dava barbas aos homens que as não tinham, sendo por isso muito venerada, presenteada e procurada pelos homens de Chelas.
A gente do Ervideiro trata mal aos que lhe gritam: à gateira, à gateira.
Mirandela, mira-a bem e foge dela. Mirandela, mira além e guarte dela. Quem Mirandela mirou nela se ficou. Sifílis de Mirandela ou mata ou pela.
Os moradores do Romeu irritam-se por lhe tocarem os sinos.
Os moradores de São Salvador irritam-se se lhes perguntarem se a cadela já pariu. Como a fonte tem pouca água no Verão, chegando mesmo a secar, para inculcarem esta falta dizem que uma cadela foi parir à fonte. Daí o ofensivo da alusão.
Os moradores de Vale de Lobos irritam-se e maltratam gritando-lhes: Ó cô, ó cô, que equivale a dizer: ó lobo, ó lobo.
Em Vale de Telhas, Boi de Santa Maria de Emes e mulher de Vale de Telhas, não os leves para casa que torces as orelhas.