Segundo a Wikipédia, o Mel é um líquido viscoso e açucarado produzido pelas abelhas a partir do néctar recolhido de flores e processado pelas enzimas digestivas desses insectos, sendo armazenado em favos em suas colmeias para servir-lhes de alimento durante o Inverno.
Existem dezenas de variedades de mel de abelhas que podemos obter: segundo a floração, os terrenos de obtenção ou ainda segundo as técnicas de preparação. Dessa forma variam em cor, aroma e sabor. Diferenciam-se assim na cor, indo do branco incolor, amarelo ao castanho principalmente. Outra característica marcante em alguns méis é a consistência líquida ou endurecida que poderá apresentar quando armazenado em recipiente, sendo de igual qualidade sob esse aspecto. No que diz respeito ao néctar, pode provir de uma única flor (mel monofloral) ou de várias (mel plurifloral). Certamente não há mel rigorosamente monofloral, entretanto a presença de outro néctar em pequena quantidade não influi apreciavelmente no seu aroma, cor e sabor.
É importante salientar que, a despeito de o mel utilizado actualmente em maior escala na alimentação humana provir da produção das abelhas melíferas, existem outros insertos que também o produzem em menor quantidade e não são explorados economicamente.
O mel é também usado externamente devido às suas propriedades anti-microbianas e anticépticas. Assim, o mel ajuda a cicatrizar e a prevenir infecções em feridas ou queimaduras superficiais. O mel é também utilizado largamente na cosmética (cremes, máscaras de limpeza facial, tónicos, etc.) devido às suas qualidades adstringentes e suavizantes.
Juntamente com o mel, as abelhas produzem outros importantes produtos a saber acera, a geleia real, e Própolis.
Própolis é obtida pelas abelhas a partir de resinas retiradas principalmente de secreções de árvores, quando destas se quebra algum galho. Dessa forma a árvore se protege com um produto natural com poder antibactericida e a abelha reprocessa essa seiva originando a Própolis. Esta é utilizada pelas abelhas para dois usos principais: vedar a colmeia de maneira a não entrar água, vento ou outro animal; e serve também para mumificar outros insertos que penetrem na colmeia e ai eventualmente são mortos. A Própolis é bastante útil ao ser humano que a usa como auxiliar medicamentoso uma vez que possui poder antibactericida, como já visto. Uma bebida fermentada a partir do mel e água é denominada hidromel.
As abelhas através da história
Segundo Adriano Rezende Montes, antes do surgimento do homem neste planeta a abelha já existia, e acredita-se que ela surgiu quando já havia razão e meio para existir. Sabe-se hoje, por provas arqueológicas (pedaços de âmbar transparente envolvendo abelhas), que já existiam abelhas há 42 milhões de anos, idênticas às actuais.
Na obra da Dr. ª Eva Crane (Honey, a Comprehensive Survey), encontramos informações de que os sumérios, que se estabeleceram na Mesopotâmia por volta de 5000 a. C., já usavam o mel. Dos textos sumérios que sobreviveram até os nossos dias são conhecidas duas passagens que falam a respeito do mel. Três mil anos depois, esta região seria conhecida por Babilónia. Os babilónicos já usavam o mel também na medicina. Posteriormente, os hititas invadiram a Babilónia. No código hitita, por volta de l300 a.C., temos as primeiras referências em uma legislação que regula algo a respeito de mel e abelhas.
Por volta do ano 3400 a.C., o soberano do Alto Egipto uniu seu reino ao Baixo Egipto. Desde a primeira dinastia 3200 a.C., adoptou-se as abelhas como símbolo do faraó do Baixo Egipto. O mel era muito usado pelos antigos egípcios, especialmente pelos sacerdotes, tanto nos rituais e cerimónias como para alimentar animais sagrados. Há textos que põem em destaque a existências de apicultura migratória no antigo Egipto, o que significa que já naquela época era bastante usado algum tipo de colmeia móvel. Na Bíblia, no velho testamento, temos suficiente número de informações para concluir que na Terra Prometida dos hebreus, “regada por leite e mel”, o mel era amplamente usado, porém não temos informações sobre a possível prática da apicultura.
A apicultura evoluída na Grécia clássica acredita-se na existência de apicultura sistemática já na pré-história, pois a própria actuação de Aristeu leva-nos à ideia de que existe uma grande possibilidade de os personagens mitológicos terem sido seres humanos que se destacaram por ser inteligentes, habilidosos ou bem dotados, com o tempo eles teriam se tornado lenda. Pela época do historiador Hesíodo, contemporâneo de Homero, a apicultura sistemática já era um fato, pois se menciona o “simblous, ou simvlus”, que eram um tipo de colmeia construída por mãos humanas.
Escavações feitas em Feston, na ilha de Creta, por companhias arqueológicas italianas, trouxeram à luz colmeias de barro que pertenceram à época minóica, 3400 a.C., bem anterior a Hesíodo e Homero. Outros achados destas escavações revelam o alto estágio da apicultura desta época. Entre eles estão duas jóias de ouro; uma delas mostra duas abelhas, datada de 2500 a.C., e foi encontrada nas escavações da antiga cidade de Cnossos. Homero, o poeta, na sua consagrada odisseia, fala sobre uma mistura de mel e leite, chamada “melikraton”, que era considerada uma excelente bebida; menciona também que as filhas órfãs de Píndaro eram alimentadas pela deusa Vénus (Afrodite) com queijo, mel e vinho, os mesmos alimentos usados por Circe, a feiticeira, que fascinou os companheiros de Ulisses.
Foi Aristóteles quem primeiro fez estudos com métodos científicos a respeito de abelhas, “melissas”, utilizando colmeia cilíndrica feita com ramos de árvores entrelaçados com uma mistura de barro e estrume de vaca. Esta colmeia hoje é chamada de “anastomo”ou “cofini”, e em certas regiões da Macedônia ainda é usada. No período pré-aristotélico, a apicultura já tinha em grande parte sido sistematizada, tanto assim que o grande legislador ateniense Sólon dedicou-lhe vários artigos da lei, o que comprova seu estágio avançado naquele tempo. Um dos artigos proibia a instalação de um novo apiário a uma distância menor que 300 pés (90 metros), de um apiário já existente. A cesta cilíndrica usada como colmeia, possuía alvado ou buracos por onde entravam as abelhas, na parte superior, boca, onde eram colocadas de 8 a 12 ripas de madeira, paralelas. Ao longo da parte inferior destas ripas era derramada cera derretida, bem no meio, e ao longo de seu comprimento. A partir deste fio de cera, as abelhas iniciavam a construção de favos paralelos que chegavam ao fundo da cesta. Estes foram os primeiros favos móveis de que se têm notícias. Com favos móveis, Aristóteles conseguiu fazer observações valiosíssimas, das quais algumas sobreviveram até a descoberta do microscópio, outras até Langstroth, apicultor americano do século XIX, o espaço abelha, e as medidas são válidas até hoje.
Após Aristóteles, seguiram-se os romanos e, depois vários outros escritores, filósofos e poetas gregos escreveram sobre a abelha, porém não houve progresso substancial até a descoberta do microscópio, em l590, pelos holandeses I. e Z. Janssen. Os maiores mestres da apicultura mundial, depois de Aristóteles foram:
- 1) Jan Swammerdam - holandês, foi o primeiro a desvendar o sexo da rainha, pela dissecação, em 1670. Todavia, não explicou a fecundação.
- 2) Janscha - austríaco, apicultor da rainha Maria Tereza. Desfez pelas suas observações, em 1771, o mistério da fecundação das rainhas, descobrindo que esta ocorre ao ar livre.
- 3) François Huber - suíço, notou em 1778 o vôo e retorno de rainhas com evidência de fecundação. Em 1788, demonstrou que as rainhas acasalam-se mais de uma vez. Em 1791, tentou a primeira fecundação artificial.
- 4) John Dzierson - alemão, reverendo protestante, descobriu a partenogénese em 1845, cruzando rainhas italianas com zangões cárnicos, etc.
- 5) Lorenzo Lorraine Langstroth - nascido em Filadélfia (EUA) em 25/12/1810, falecido em Dayton (EUA) a 06/10/1895. Foi reverendo protestante, apicultor e escritor. Em 1851, descobriu o “espaço abelha” uma das maiores conquistas para a apicultura racional. Foi também criador do “quadro móvel”, suspenso dentro da colmeia pelas duas extremidades, e dentro do qual as abelhas, guiadas por folhas de cera, constroem seu favo.
- 6) J. Mehrig - alemão, inventor da cera alveolada em 1857.
- 7) D.Hruschka - veneziano, inventou em 1865 “smielatore” máquina extratora de mel que não danifica os favos.
- 8) Pe.Hoffman - descobridor do espaçador automático entre os quadros móveis, o que hoje possibilita a locomoção das colmeias, e manuseio para inspecção da colmeia.
O mel na arte e na literatura
As "abelhas assassinas" eram consideradas pragas da apicultura e começaram a surgir campanhas para a sua erradicação, não só dos apiários, mas também das matas, com a aplicação de insecticidas. Essa atitude, além de ser uma operação de alto custo, provocaria um desastre ecológico de tamanho incalculável. Foram motivo de vários filmes e que lhe deram má imagem.
Em 1953, Carlos Oliveira publica Uma Abelha na Chuva, o seu quarto romance e, talvez, o mais conhecido. O aparecimento do mel serve como alternativa para tal degradação no par Jacinto/Clara, uma vez que é neles que a doçura, a perfeição apoiada no tempo, é susceptível de ser encontrada. E isso porque a própria gravidez de Clara, tal como os projectos de futuro que ambos trocam entre si, correspondem à vida e à natureza feita de um futuro de optimismo (doçura idêntica à do mel) que o desenrolar do tempo social e histórico desenvolverá.
A metáfora de colmeia e família é muito clara, porque as abelhas da colmeia dos Silvestres eram exactamente Maria dos Prazeres e Álvaro, que iam apodrecendo sem união nem um trabalho em comum, sem descendência nem mel, e que o Dr. Neto fora acompanhando, fazendo parte dos serões com outros, como se aquelas reuniões tivessem alguma verdade ligá-los.
Fernando Lopes, em 1965, faz um estágio em Hollywood, onde permanece três meses. Ao regressar filma Uma Abelha na Chuva (1971), adaptado do romance de Carlos de Oliveira e protagonizado por Laura Soveral, tido junto de O Delfim (2002) como obras maiores do realizador.
Nomearás
a abelha. Do mel
só conheces
o perfume, a pálida
rosa dos favos
em botão. O gesto
suspenso à espera
da mão esquiva
que o sustente.
(in "O Mesmo Nome", 1996)
Albano Martins
O adagiário ligado ao mel e às abelhas
Onde há mel, há abelhas
De Deus vem o bem e das abelhas o mel
Vai-se o bem para o bem e as abelhas para o mel.
A abelha, gado do vento, conhece o dono que a trata bem e, farta, não ferra ninguém.
A abelha não leva chumbo.
A abelha, perto do lume e com fonte e casa abrigada, produz mel e cera abrigada.
A abelha procura a parelha.
A abelha-mestra não tem sesta e, se a tem, pouca e depressa.
Abelha e ovelha e a pena detrás da orelha e parte na igreja deseja para seu filho a velha.
Abelhas e ovelhas em suas defesas.
Abelhas e ovelhas pouco rendem em mãos alheias.
Abelhas sem comida, colmeia perdida.
Dar mel pelos beiços.
Descobriu o mel-de-pau.
Mel a peso, melancia a olho.
Mel, bailando se quer.
Mel nos beiços, fel no coração.
Mel novo e vinho velho.
Mel, se o achaste, come que baste; não te sacies, te enjoes e te agonies.
Melado dos canos pretos.
Não há mel sem fel.
O mel bailando se quer.
O mel é pouco e os lambedouros muito.
O mel não é feito para a boca dos burros.
O mel por ser bom de mais, as abelhas lhe dão fim.
O mel no concelho de Mirandela
A apicultura é a parte da zootecnia especial dedicada ao estudo e à criação de abelhas para os seguintes fins: produção de mel, própolis, geleia real, pólen e veneno. Além disso, as abelhas são óptimas polinizadoras.
Existe um Programa Apícola Nacional que prevê Acções de Melhoria das Condições de Produção e Comercialização de Produtos da Apicultura. Em termos organizativos encontramos a FNAP (Federação Nacional dos Apicultores de Portugal), fundada a 10 de Julho de 1996, nascendo da vontade de algumas organizações de apicultores, nomeadamente a Sociedade dos Apicultores de Portugal (SAP), a Associação de Apicultores da Região de Leiria, a Associação dos Apicultores do Norte de Portugal, a Associação de Apicultores do Centro de Portugal e a Associação dos Apicultores do Parque Natural de Montesinho, a Associação dos Apicultores do Parque Natural do Douro Internacional (AAPNDI) e a Associação dos Apicultores do Parque Natural de Montesinho (AAPNM).
No Concelho de Mirandela existe a Associação de Apicultura do Nordeste que congrega a maioria dos produtores de mel que resolveram associar-se.
Realiza-se normalmente nos meses de Outubro ou Novembro.